segunda-feira, 6 de setembro de 2010

SAUDADES



In Memoriam: ao meu único irmão, Dionisio, que Deus levou para Si, no dia 29/08/2006.

Ontem eu sonhei que ao tirar o pó da estante da minha casa, notava que o retrato da minha família, estava diferente... esfreguei meus olhos, mas a foto continuava estranha... olhei para o porta-retrato seguinte e reparei que acontecia a mesma coisa... e olhei sofregamente para o outro e a mesma coisa acontecia... notei que em todos os porta-retratos da nossa sala estavam do mesmo modo: sobrava um espaço e faltava alguém...
E eu não entendia aquele fenômeno. Tentei me lembrar o que faltava na foto, mas não me vinha a mente nada e ninguém. Fiquei desesperada... a sensação de perda era grande! O que aquelas fotos tentavam me dizer? Fui à caixinha de trecos e tararecos da família e notei que algumas coisas não mais estavam lá. Havia apenas bonecas e sonhos cor de rosa... mas os caminhõezinhos e os sonhos azuis haviam sumido... eu tinha certeza que um dia lá estiveram... Onde então haviam colocado? E porque haviam separado estas das nossas coisas?
Peguei alguns desenhos de escola, de quando éramos crianças... tão engraçadinhos, uns rabiscos hoje tão feios, mas que um dia foram elogiados... nestes rabiscos jurara eu haver mais alguns... mas estes também desaparecera...
Andei pelos cômodos da casa e em vão... faltava um cômodo também...
Vi a mesa posta... cinco pratos - quatro sujos; cinco copos - quatro ainda com um restinho de líquido no fundo, cinco cadeiras, quatro afastadas da borla da mesa e uma sozinha – ninguém sentara nela... mas ela estava lá...
No banheiro, as escovas alinhadas uma a uma – eram quatro – sobrava um espaço também...
Tornei a olhar os porta-retratos...os espaços em branco continuavam lá...
Lembrei que só podia ser um sonho mesmo... e que quando eu acordasse riria de mim mesma... que sonho mais besta!!!
Hoje eu acordei... ao passar pela sala dei de cara com os retratos... estavam em branco e preto... e não havia mais espaços...
Corri ao baú e os rosas e azuis estavam lá... desbotados...
No corredor um quarto fechado... não quis ousar entrar...
Na mesa... cinco lugares... um continuava vazio...
os outros???... estavam sozinhos...
Ao passar os olhos de volta ao retrato, entendi que ontem tinha um espaço
Hoje? tem um vazio...
E amanhã... Temos muitas saudades...
(Alde Maller) set/2006

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