domingo, 19 de setembro de 2010

SILÊNCIO

Fala comigo em silêncio...
vou entender mesmo que não profiras nenhuma palavra.
já provocamos muitos ruídos com os ditos que não queríamos
e acabamos não pronunciando o que sentíamos...
o som que sai da nossa boca não traduz o que vai n'alma
por isso a solução é o nosso silêncio...
ninguém precisa saber o que sentimos
nem eu... nem tu...
quando cruzarmos nossos olhares, que eles não demonstrem os medos,
que façam promessas ousadas, que jamais pudéssemos cumprí-las...
e se teu sorriso costumeiro aflorar, que seja carregado de desejo
dizendo que está feliz pela minha presença...
e se quiser pode me ennvolver naquele abraço,
fazendo que eu sinta o teu coração bater descompassadamente
e então…
beija-me... beija-me... beija-me demoradamente...
deixa-me sentir aquele arrepio que a tua boca me provoca e que me percorre o corpo.
desde os dia em que enredei os meus dedos nos teus tive a sensação que fiz você compreender que me pertences
e que jamais te deixaria partir...
não me deixe então conformar-me em que tu desistas de mim!
Traduz rápido o meu silêncio!?!
(Alde)

NÃO DIZ...

"Se você me convidar para um simples café, farei questão em ir. Estou feliz! E se você não achar vaga no estacionamento, não faz mal, tem seguro, o que importa é que estaremos juntos!"
Foi assim que ele me levou... Shopping cheio, nada de privacidade. "Tem algo que você queria me dizer?" Você sorri da minha pergunta, indiscreta aliás, e nada diz! Um sorvete, daqueles que você sabe tão bem que gosto. E que você só toma para me acompanhar, pois diz que tem um gosto amargo. Enquanto me delicio, você me olha, observa, eu diria. "Você está tão enigmático!" Quando saímos daquela confusão de gente gritando, andando, correndo, rindo, achei que finalmente você me diria. Abriu-me a porta, fez uma mesura e sorriu. Deu a volta, entrou no carro, colocou o cinto de segurança e percebi nervosismo nos dedos ao errar o encaixe do teu. Ouvi teu respirar de alívio, quando com o carro já em movimento, ouvimos o "click" encaixado.
Confesso, senti-me estranha, enquanto o carro silenciosamente trafegava pelas ruas agitadas de cidade grande em pleno feriado. Não sei se pelo clima, café, sorvete, mas o fato é que estava desapontada por não aproveitares o momento para me fazer algum carinho, como sempre o fazia, quando me ajudava a colocar o cinto. Claro que era nossa desculpa, mas senti falta disso nesse instante. Talvez pelo fato de que eu me sentisse mais segura, não por causa do equipamento de segurança, mas em sentir teus braços em volta de mim. Senti-me desprotegida, como há muito tempo não sentia.
Lembra daquele dia? Em que paramos o carro no estacionamento, quase vazio, e que ao retirar meu cinto, jogava a cadeira para trás e dizia: "e agora? o que poderá fazer?" Sentia-me tão segura dessa forma. E só tomei consciência agora, depois desse nosso sorvete gelado! O que dizer ainda das tuas tentativas de tentar advinhar meus gostos e levar-me ao cinema para assistir teus gostos por filmes estrangeiros, mesmo sabendo que tenho receios se não leio a sinopse antes e me certifico que há uma boa crítica em relação a eles. Aprendi a confiar no teu bom gosto, a partir disso.
Aos poucos foi se tornando comum os teus acertos nos meus gostos mais estrambóticos aos mais comuns. Deve ser por isso que as maiores surpresas da minha vida, foram trazidas por você. É como se você se especializasse em me fazer sentir feliz! Não pelo valor dos objetos que me presenteavas, mas pelo sentimento que emprestava a eles, pela criatividade em me apresentar a eles e principalmente pela forma inovadora de fazer as mesmas coisas de forma tão incomum.
Quando teu braço tocou o meu, na curva logo adiante, acordei de meu devaneio e pude perceber uma ruga de preocupação em tua testa. O que te vai ao coração? Tu consegues me ler tão bem! Mas para mim tu és um estanho ultimamente! Apesar dos gosto tão em comum que temos sabemos que ainda muitas coisas são inversamente proporcionais e que tem feito toda diferença na nossa reaproximação. É explícito em nós esta vontade que temos que fiquemos juntos, mas há algo que nos impede de nos juntarmos tão simples assim! Você tem poupado palavras que antes eram tão corriqueiras em teus lábios. Eu tenho tido dificuldades para organizar meu pensamento e medo em pronunciar algo que te magoe.
Tenho saudades, muitas saudades. E sei que foram os meus defeitos e minhas características adversas que levaram a ruir tudo o que de bom havia em nós. O que acho estranho ainda, é que mesmo assim, ficamos encantados um com o outro e que ainda tenhamos esperanças em reatar de alguma forma esse casal que um dia fomos ou sonhamos ser.
E o que me intriga ainda mais é essa teimosia minha em achar que nada será tão diferente assim... Mesmo que eu não saiba explicar o porquê, razão, motivo...
O carro pára... Eu só quero descer e ir para o meu quarto! E deixo claro isso para você no meu adeus! A última coisa que escutei da rua, foram os pneus se afastando vagarosamente e sem ouvir o que você tinha a me dizer...
(Alde)

sábado, 18 de setembro de 2010

O QUE EU ERA

Um dia me falastes bem baixinho
devagarinho
que eu era teu segredo mais oculto,
e quase com lágrimas
que teimavas esconder
disse que eu era teu desejo mais profundo,
o teu bem querer...
E me falavas da tua fome em ter-me sem disfarçar

Na imagem ficaram as palavras declaradas
de que eu era a fonte de alegria
E me dedicavas o teu sonhar...

... palavras no passado...

Hoje
sinto-me tua sombra
em plena luz do dia
(...)

E fico a imaginar se sentes falta
talvez saudade reprimida,
e se ao pensares na minha existência
sangras
ao lembrares minha partida...

Enquanto isso
meu peito apela, grita de dor...
e não consigo dizer mais nada...
 

(Alde)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

DES.ATINOS

Ontem ela dormiu com a sensação de mar agitado, as ondas quebrando, encobrindo, chorando... na verdade suplicavam. Ela não conseguia entender... elas iam e vinham o tempo todo... aliás há tempos o mar faz isso... sem querer conversar, apenas ir... e vir...
Na maresia, o gosto do sal confundia-se com o cheiro da boca, tão doce e conhecido. Ela vê que tudo não passa de abuso e se irrita: por que tentou se afastar? Que razões teria para deixar algo que faz um bem, que preenche as horas, que suaviza os momentos de penúria? Ela chega a sentir na pele as mordidas de leve, quase machucando, a barba por fazer e as palavras... Ah! as palavras ficam dançando na memória, no ouvido e provocam um sorriso triste tão facilmente...
Ela tenta ouvir a música que toca... mais uma daquelas que foram escolhidas... lembranças... doces, suaves... música e silêncio. Essa combinação era tão perfeita. Que saudades...ela sente sim!
Agarra, não deixa! - o vento parecia querer dizer. Como dizer não?! se achou tão bom!!! Ela ali, com uma imensa vontade de que ele a tome em algum momento. Nos mesmos instantes de doçura e delicadeza em que a tocava, toque agora novamente. Fique como outrora, brinca com ela, pede a sua boca, nem que seja em pensamentos. Ela saberá ouvi-lo, como era tão fácil fazer!
Tão sem destino...
(Alde)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

TENTANDO

Eles já haviam passado por aquilo... já era tarde da noite, a música silenciosa tocava no interior do veículo, na rua escura, deserta... Algumas luzes cintilavam ao longe, acendiam, apagavam... Aquele silêncio entre os dois já estava meio insuportável. Ela pigarreou, encolheu as mãos. Ele olhava pelo retrovisor, como se estivesse esperando mais alguém chegar.
Ela sentia-se errada... como se a qualquer momento fosse descoberta. Ela tremia internamente, mordia os lábios já sem batom algum. Por que ele insistia naquela pergunta? Parecia-lhe inevitável tocar nesse assunto quando tudo parecia bem e a noite prometia ser tranquila para ambos. A companhia dele a agradava profundamente naqueles últimos dias, sem que ela tivesse que se esforçar para tal.
A leveza daquele encontro ia ficando para trás. Ela sabia que ao entrar no quarto ficaria olhando a janela ao longe, imaginando os ruídos, os hábitos... A moldura do passado mais uma vez fixaria morada em sua parede, enquanto ela provavelmente ficaria jogada na cama após uma enxurrada de sentimentos, desafetos, lembranças.
Ele a tinha? Não era isso o que importava? Ele não dizia sempre que a sua mente era brilhante, o que evidenciava ainda mais o porquê da sua admiração e dedicação? Ela não lhe pedira nada! Então por que ele insistia na pergunta que ela simplesmente evitava?
O mundo dela não era real. As costumeiras rugas apareciam no canto dos lábios, os olhos ficavam cada vez mais fundos, as olheiras mais roxas e a maquilagem já não era capaz de camuflar sua falta de sono e as lágrimas derramadas por sua própria resignação.
De repente ele sussurra algo e causa-lhe um profundo arrepio. Ela quer sentir o cheiro dele novamente mas algo a impede de prosseguir. Ela tira suas mãos que seguravam fortemente o assento e calmamente toca as mãos dele que permaneciam agora sobre o volante como se a qualquer momento fosse partir.
Por vezes, aquela mulher ao lado dele assumia uma atitude indiferente, como se estivesse a quilômetros dali, em algum lugar que ele não a pudesse ter, ouvir, desejar... No entanto agora lá estava ela tocando as mãos dele como se quisesse que ele entendesse tudo, sem palavra alguma. O silêncio era necessário.
Não se sabe quanto tempo os dois passaram assim, olhando o horizonte cintilante.
Ele toma coragem... diz que o conveniente era que eles descansassem e repetiu, como num atômato, que a noite fora fantástica. Que vê-la sorrir novamente com naturalidade fizeram-no acreditar que a mulher que ele amara, aquela tão sorridente, imprevisível, moleca, intrigante, fascinante, estava voltando aos poucos a ocupar aquele corpo.
Ela sorriu vagamente! E quis se desculpar, mas ele colocou o dedo nos lábios dela e disse que não era necessário, ele entendia e teria paciência, o quanto fosse preciso.
Ele se foi, depois de depositar um beijo rápido em seus lábios frios. Esperou-a entrar em casa e partiu.
Ela permaneceu deitada na cama com as mesmas roupas... tentou não olhar para a parede, mas a moldura lá estava, com o mesmo rosto de todas as outras noites...
Até quando?
(Alde)

ESQUEÇA TUA MARIA

"RASGUE AS MINHAS CARTAS E NÃO ME PROCURES MAIS..."

Enquanto caminhava à beira-mar, ouvia meus passos suaves na fina areia... canção.. Embora a praia estivesse praticamente deserta, algumas pessoas que me passavam pelos olhos voltavam seus olhares umas 2 ou 3 vezes... o que pensavam? Não sei...
... também não me interessava...
talvez meu canto surdo fosse tão alto que as incomodasse
talvez meu modo simples de trajes, ou extravagantes...
o fato é que o que eu não queria eu estava fazendo:
chamando atenção...
Percebi que cantarolava junto com a canção selecionada ao acaso: "O retrato que eu te dei se ainda tens não sei..."
Com certeza não terá!
Talvez nem mais minha imagem faça parte do repertório de lembranças daquele sujeito...
Ah! sujeito...
Suspiro tão profundo, que vejo duas meninas cochichando... por certo falando de minha loucura... mas estou à beira-mar... permito-me ser insana...
"...mas se tiver devolva-me..."
E sozinha rio de mim mesma... que audácia pensar isso assim?
Vontade de gritar
Vontade de rabiscar na areia como sempre fazia
Mas por certo devo acordar já no desenho da primeira letra do nome proibido
"...deixe-me sozinho porque assim eu viverei em paz..."
ele deveria cantar isso para mim
"assim eu viverei em paz..."
Meus pés chutam a areia, a água gelada
enquanto a música é interrompida pelos acordes de um estilo que não curto e nem reconheço, mas uma expressão chamou-me a atenção... Esforcei-me para ouvir o que o refrão dizia: "Esqueça tua maria..."
Eu não sabia exatamente se era mais uma de minhas divagações sobre tudo, a vida, o momento por que passo, mas eu ouvia vozes caipiras ao longe
"...esqueça tua maria..."
e a letra como num sarcasmo dizia: "não sei por que foi que ela me deixou... talvez por causa de alguém, maria me abandonou..."
Sorri forçado... quase sem acreditar...
Parei e tentei escutar a música. A melodia era simples, mas a letra parecia-me encravar... a dor volta, continua... Tento continuar minha caminhada solitária, mas a letra me persegue: "esqueça sua maria..."
E desde então, minha ida ao mar tem uma canção sombria
a onda vai
a noite esfria
o mar canta...
"... esqueça sua maria..."
(Alde)

INDO

Sonhei que eu renunciava ao amor que me dedicavas...
e por mais que as súplicas aumentassem eu não conseguia desfazer tamanha injustiça.
E tu pedias a mim: "Não vá! não me deixe!"
E eu ia... sem ao menos olhar para trás...


Eu apagava todas as marcas que pudessem fazer lembrá-lo
Todos os sons que ousassem denunciá-lo
e mais...
Partia com o coração rasgado
mas não era capaz de voltar...


E tu me pedias: "Vá de leve... não te afastes desse modo..."
E eu começava a correr, na ansia de não ver mais tua imagem
De não ouvir mais teus sussurros
De não querer mais teu toque...


Eu disse adeus naquele dia...
enquanto tu suplicavas: "não diga"
...


Parecia um sonho interminável
E não via a hora de chegar a manhã para poder livrar-me
Desse infortúnio sonho que dilacerava minh'alma
Estava cansada...


Eu esperava tua voz me convencer a voltar
A sair deste louco devaneio
Dessa insanidade medíocre
Em dar as costas ao nosso amor...


Mas qual o quê? Lá estava eu, impassível
Apagando, deletando, soturna
calada...


Nem adeus fui capaz de pronunciar...
e nem tua voz pôde me convencer...


...eu fui...
e continuo indo...
(Alde)

AMIGO

"Durante a nossa vida:
Conhecemos pessoas que vem e que ficam,
Outras que, vem e passam.
Existem aquelas que,
Vem, ficam e depois de algum tempo se vão.
Mas existem aquelas que vem e se vão com uma enorme vontade de ficar…"
(Charles Chaplin)




E existem aquelas que gostaríamos que ficassem para sempre...
nem a morte, nem a vida, nem os anjos,
nem poderes, altura... seriam capazes de nos afastar...
(Alde)

SAUDADE

De vez em quando eu não consigo e traio meus desafios...

peguei-me pensando em ti ...
E inutilmente minha voz se cala, meu corpo estremece
Enquanto meu coração bate desesperadamente...
Invariavelmente uma lágrima desce e se atira sob minha face
E meus olhos se perdem na escuridão do meu quarto...

Menti a mim mesma que de vez em quando não te sinto...
Que teus sonhos estão comigo,
As palavras que dissemos juntos, os mesmos pensamentos
Tua voz acariciando meu eu...

Iludo-me de vez em quando em não querer te encontrar...
Passo por ruas que provavelmente você passaria
Faço caminhos que certamente você faz
E me perco em meus passos,
Na ansia louca de que a qualquer momento
Teus olhos se deparem com os meus...

Fujo assustada, covarde
Não saberia encará-lo... nunca!
Parece que tudo está distante do meu sentimento
Que tenho controle
Mas ao pensar no distanciamento que impus
Minha alma se fecha, lamenta, pragueja
E adormeço quase sempre tentando esquecer as últimas palavras
"Meu amor"...

No meu quarto, nos meus sonhos sempre te pressinto ...
Tão perto e tão longe...
Tão perto que nem posso te alcançar,
Tão longe que não consigo te esquecer...

Ah! e de vez em quando, quando não aguento mais, choro ...
Por não conseguir conter a dor,
Por não poder ter o que já era meu...
Por negar nosso amar, nosso amor...


E quanto mais te mantenho longe
 Mais percebo que te tenho junto a mim...
Cada música, cada expressão
cada palavrão, cada gesto
Times, cores, bebidas, carro
Se chama Saudade...


(Alde)

ESTRANHEZA

A menina tem insônia todos os dias... 
rói as unhas, fantasia coisas que nunca aconteceram e sonha com outras que poderiam acontecer... mas que nunca irão...

Beija o cachorro pensando em um príncipe... que já foi ogro... que ficou no lodo dos seus pensamentos e nunca mais saiu...

Finge uma tranquilidade que não existe,finge ser alegre mas está tremendamente triste... finge saber quem é, mas nem do seu nome gosta mais...

Essa aparente lucidez a deixou estagnada à beira da janela... levou suas unhas desmaltadas à boca e sentiu um beijo morno daqueles que foram tão frequentes e que hoje já não existem mais...

Não se permite chorar... precisa sofrer assim como espécie de punição a todo mal que causou e sabe que o mal maior foi a menina que outrora ela era...

Essa que aqui está, aprendeu a olhar por sob os óculos
franzir o cenho
comprimir os lábios
apagar os sinais da lágrima
antes mesmo que ela teime em aparecer...
nada de inspiração feliz e palavras contentes
apenas os traços de um dia que aspirou ser
e o que ela era quando estava "menina"...
(Alde)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

RUMO


"Balança-me a alma no vazio do meu corpo..."

Foi estranho. Mas foi bom. Ela se via triste. Ele também estava triste. Mas não deixou de ser bom ver que ele não desistiu deles. E depois... depois foi bom!

Ele gostava de entrelaçar os dedos nos dela... quase como uma promessa de eternidade. Ela gostava de se esconder no seu peito, como uma criança desprotegida do mundo... Depois ele a envolvia e ela perdia-se ainda mais... perdia a noção do tempo.

Ela ficava lembrando todas as vezes em que sentava-se no colo dele e quando ele pegava as mãos dela devagarinho e as levava à boca, como se fosse uma princesa... Ela, curiosa, olhava horas a fio os dedos dele entrelaçados a cobrir a sua mão tão pequena.

Os olhos dele permaneciam tristes como se quisessem pedir algo que ainda ela não poderiaNegrito lhe dar. Ela sorria e pedia: "-Não me deixe ir..."

Ele dizia: Não sei se cabe a mim escolher o que está tão explícito e tão claro. Às vezes penso em deixá-la escapar pelas minhas mãos só por medo de segurá-la..."

Ela não disse, mas
essa foi uma das raras vezes em que ela não olhava o mar...
(Alde)

STAY


As tuas palavras não me deixaram dormir: Fica comigo e agarra a minha mão!
Quando recordei quis te ligar e pedir para que me desses aquele abraço antes de partir: "não me deixes fugir…"
Se tivesses olhado em meus olhos perceberia tudo o que ainda não disse...
Olha agora então... só mais um pouco... e não digas nada
O silêncio bastará a nós dois!
Você me quer ao teu lado
Eu também o quero assim
Faz-me acreditar que nada fará melhor a mim e a ti
Que estarmos juntos...
Então... Hoje eu que quero te pedir
Fica comigo!
(Alde)

PROMESSAS


"Não estou disposto a esquecer teu rosto de vez..."

Promete que vai me amar pra sempre e que vai sentir saudades, e quando me encontrar vai sair correndo e me abraçar bem apertado e dizer que nunca vai me esquecer?

Então, trato feito!
mesmo que a foto suma...
... mesmo que o desenho a lápis se desfaça...
que os arquivos apagados não sejam recuperados
que o efeito da foto, hoje tão belo
mais tarde, com o tempo desbote
ainda assim sabemos:
o mar ainda demorará a secar
combinamos em não escrever nada na areia
nem na pedra...
então vem cá
fica comigo assim
para sempre
tendo o mar como nossa testemunha
e o ruído das ondas por nossa música!

(Alde)

DICAS DE FILME


Pintor: "Ela prefere imaginar uma relação com alguém ausente do que criar laços com aqueles que estão presentes."
Amelie: "Hummm, pelo contrário. Talvez faça de tudo para arrumar a vida dos outros."
Pintor: "E ela? E as suas desordens? Quem vai pôr em ordem?"

Como o próprio nome já diz: O Fabuloso Destino de Amelie Poulain, afirmo que é fabuloso mesmo! Aliás Fantástico em todos os sentidos! O título original: "Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain", francês, claro, dura em média 2 horas, foi lançado em 2001,mas só tive conhecimento desse filme dias desses. Como sempre faço, quando gosto do filme, assisto mais que uma vez. A primeira para conhecer, a segunda para anotar as falas, trechos mais interessantes, a terceira para memorizar, a quarta para ver detalhes que me passaram desapercebidos e assim por diante...

Além da trilha ser maravilhosa, um amigo informou-me que é a marcha dos cinéfilos, a ambientação, a fotografia, as poucas palavras que há no filme, são tocantes. E claro, Amelie é uma versão francesa das minhas fábulas de outras que gostaria de ser. Explico! Desde criança fui muito imaginativa. Gostava de olhar nuvens e transformá-las em todo tipo de objetos, animais e até pessoas. Meus alimentos ganhavam caras, caraceterísticas que não propriamente eram o conceito denotativo. Adorava imaginar um mundo a parte. Quando assisti ao filme em questão, vi uma Alde na Amélie. É certo que a infância de Amélie, foi bem diferente da minha. A garota francesa vivia muito só, não podia ter relacionamentos, pois o pai cismou que ela tivesse problemas no coração e a mantinha em casa. Amélie se expressa muito pouco em palavras, mas ela sabe perfeitamente passar emoção ou a falta dela pelos olhares, gestos. Tudo na vida de Amélie ganha mais sentido quando ela encontra uma caixa com vários objetos e decide descobrir quem era o seu dono. Nesse meio tempo, algumas pessoas que fazem parte do mundo de Amélie, ganham especial atenção da menina, pois ela quer ajudá-las de alguma forma a transformar suas vidas em algo mais emocionante, uma espécie de fazer pelos outros aquilo que não consigo fazer por mim mesma.
É lógico que nem tudo é irreal, imaginário frente a realidade da vida. Ela encontra alguns obstáculos, contratempos, mas isso faz com que ela busque ainda mais criatividade em transformar algo corriqueiro, singular em algo emocionante e fascinante, mesmo que utilize para tanto alguns recursos não tão aprovados pela sociedade. Até que ela perceba que a sua própria vida também precisa de um pouco de ordem...

O filme todo é poesia! Faz no mínimo repensar a forma como encaramos a vida, tanto nos momentos bons quanto nos ruins...
(Alde Maller)

sábado, 11 de setembro de 2010

DICAS DE FILME


"Quando uma coisa acaba, outra começa..."

É... acabei cedendo e fui assistir ao filme... Não estava lá essas animações para fazer isso... Eu já sabia de antemão que seria algo assim: mocinho se encanta por mocinha depois de uma desilusão amorosa, da perda de alguém muito especial e barari bororó... blábláblá... Já sabem como são esses filmes americanos né? Sempre a mesma temática com um ou outro ingrediente diferente e que levam o público a achar que dessa vez foi diferente. Pois bem... fui! Arrastada quase... mas fui! Fui com aquela cara de crítica, nariz empinado torcido, e já ensaiando o que iria falar depois do filme: "é o óbvio!" e riria com aquele meu sarcasmo que aliás nesses últimos dias tem-se tornado algo tão normal e característico: "ha-ha-ha"...

O filme começou: "Chapter 01..." o Bonitão Aaron, no papel de um escritor em ascensão, Burker Ryan coemça contando sua desventura. Já sorri de canto: "não disse? é obvio!!" O que aconteceu depois disso foi uma sucessiva "quebrada de pernas" do diretor em minha arrogante personagem comentarista. A temática não era tanto o amor, mas sim a forma como encontramos para superar perdas. Não que eu queira ou possa dizer algo tão contundente sobre esse assunto, mas fiquei presa na poltrona do começo ao fim. O guru da auto-ajuda, Burke, tocava as pessoas e faziam-nas crer no poder da mudança, sem que ele tivesse se recuperado da sua perda maior. Uma simples florista é que vai fazê-lo perceber que precisa encarar de verdade seu passado e viver de verdade seu presente. Foi emocionante!

Sei que sou super romântica, mas tudo no filme me levou a repensar a forma como encaro a vida. As coisas que tento inutilmente esconder e fingir que está tudo bem, enquanto dentro de mim tudo parece "dia nublado"... Não sei se terei forças para mudar assim tão rápido, mas parece que dei o primeiro passo...

CITAÇÃO: Marcou-me: "Quando uma coisa acaba, outra começa..."

terça-feira, 7 de setembro de 2010

AMO-TE


Quanto mais ele a abraçava ficava ainda mais difícil esquecer, seguir em frente. Ele insistia. Dez minutos havia se passado desde o momento em que ela pediu para partir.
- Deixe-me ir, preciso... - A voz denunciava a verdadeira vontade, mas ela precisava resistir.
Havia qualquer coisa de estranha naquele olhar ora tão transparente. Ele notara a confusão que ela fazia com o encadeamento das palavras. Ela gaguejava, deixava as frases interminadas, não sorria como de costume. Repetia apenas: deixe-me partir...
Outro dia ela pedira: - Vá embora da minha vida de uma vez...
- Não me peça isso por favor... Como vou deixá-la se ainda amo-te?
- Amas-me? E por que só agora diz isso para mim? Por favor, deixe-me ir...
Ele nunca tinha enxergado aquela dor que ela tanto insistia em falar. Ele agora podia sentir essa dor e era algo realmente dilacerante. Ela pedia. Por que ela simplesmente não ia embora sem dizer nada? Por que apenas não sumira, o ignorara? Ele entenderia o recado! Mas ali estava ela, com os olhos inchados, vermelhos, as lágrimas rolando sem parar e a frase derradeira: Deixe-me partir...
O que fazer quando duas pessoas se amam mas não conseguem se encontrar? Quando nada nem ninguém os completa e mesmo assim não conseguem se encaixar?
Ela já viera com frases prontas. Decidida, resoluta das medidas a serem tomadas.
Nada podia ser feito. Nem ele ali, dizendo que a amava, nem ela ali, parada, não conseguindo dar o passo de volta para casa.

Um homem que em silêncio dizia que a amava...
Uma mulher que o amava chorando todas as palavras...

"Falta é algo que com o tempo se aprende a deixar no canto..."
(ALDE MALLER)

PEDIDO


"Se você tivesse demorado um pouco mais o olhar..."

Ele dissera isso com tanta certeza que todas as dúvidas que ela tinha acabaram de uma vez por todas. Ela já havia diagnosticado seus erros em relação a ele. Imaginara que se tivesse percebido antes muita coisa, que agora se dispunham ali a sua frente, talvez muita dor seria evitada. Talvez! Por que essa mania de duvidar de tudo? Ele estava ali olhando o por do sol, mas era como se não olhasse... Ela sempre tivera a sensação de que sempre ela precisara mais dele do que o contrário. E ali ele parecia tão indefeso!?
Ela se lembrou de quantas vezes fora até mesmo grossa, insensível como se sempre estivesse em posição de guarda. Ele apenas queria aproximação, mais nada. Ela tinha medo de que ele pudesse finalmente lê-la e interpretar essas entrelinhas que lhe eram tão singulares. Ali, naquele momento em que o sol mantinha a sombra dos dois por um longo período, ela via a insatisfação estampada no rosto dele, de tudo aquilo que ela não deixou vingar, aprofundar, enraizar. Aquele namoro tão agitado e do jeito que ela mesmo ditava, de nada tinha de suave, especial. As cores que ela usava para pintar a aquarela do encontro deles eram cores de segunda e foram apagando-se assim que tomaram forma.
Na verdade, muitas vezes só o que ele precisava era de um porto seguro, um lugar para estar, quando todos os outros estivessem ruins, e ela não percebera isso e acabava reagindo da pior maneira... afastando-o. Ela se ocupava tanto com as lembranças do passado que não conseguiu decifrar os pedidos de ajuda que ele lançara sutilmente. Mesmo que ela dissesse que a culpa havia sido dele, ali, diante do sol, tudo ficava claro.
Ele jamais pedira a ela uma certeza dos sentimentos nutridos, mesmo porque ele já sabia de antemão a resposta, que ela mesma tentava disfarçar, esconder.
Ele lança a ela um olhar tão gentil que desmonta qualquer defesa que ela havia por horas ensaiado diante do espelho que tantas vezes presenciou seus ataques de melancolia. Ele estava ali... e aquele olhar penetrava tão fundo que ela não conseguiu sustentar o tempo suficiente. Ele pega o queixo dela e devagar e com doçura característica, diz:
"- Sou apenas um homem, diante de uma mulher, pedindo a ela que o ame..."
E foi assim que ele na penumbra, vagarosamente, começou a ir embora!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

TO BE...


Tem uma frase do maravilhoso Rubem Alves que diz: "Sim, eu quero viver muitos anos mais. Mas não a qualquer preço. Quero viver enquanto estiver acesa, em mim, a capacidade de me comover diante da beleza."

Fiz dela meu mote!
às vezes alguns acontecimentos são capazes de nos fazer acordar com a tristeza estampada no rosto. Para quem não dorme, a tristeza fica como companhia na sombria noite. No entanto, a esperança é que o sol brilhe na manhã seguinte e aquele sorriso que havíamos guardado para entregar a alguém especial, poderá ser dado à primeira pessoa que te disser bom-dia!
Ontem foi assim... dormi com lágrimas nos olhos
Acordei com um beijo do dia, sussurrando: Carpe diem!!!




"Não seja muito sério. Divirta-se!!
Passe algum tempo com amigos,
contando piadas e falando bobagens.
Rir e fazer os outros rirem é um poderoso remédio contra o stress do dia-a-dia." (Petter Adams)

; ) I want to be happy!!!!!!!

DICAS DE FILME


O amor é lindo e pode estar onde menos se espera!

Assisti ao Filme The Holliday - "O amor não tira férias" - e claro, fiquei encantada. Pelo filme, a história, pelos atores, pelo lugar, pelo Jude (hummmm Jude) e o amor! Só por ele já valeria a pena ter assistido, mas havia muito mais...
A história: duas mulheres, após sofrerem desilusões amorosas, combinam de trocar suas casas temporariamente, numa espécie de retiro de férias. Uma (Kate Winslet - brilhante) vai para EUA e a outra (Cameron Diaz - linda) vai para Inglaterra. São mulheres com vidas profissionais bem resolvidas, prósperas, mas com a vida amorosa um bagaço. O que tem de diferente? Muito real isso, tirando a parte da brilhante e linda talvez...rsrs
Mas as falas do filme são impressionantes, principalmente nas definições que os personagens Graham, Amanda, Iris e Miles dão sobre amor e desilusão. Dizem que é um filme de mulherzinha, daqueles que faz as solteiras chorarem, as casadas relembrarem e os homens, todos, dormirem. Mesmo assim valeu a pena!
Uma pergunta que ficou: Só se esquece alguém, um amor, com outro amor? Apesar de não gostar muito dessa idéia, creio que a fórmula mais rápida e menos dolorosa talvez seja esta mesmo.
De repente é o amor... ahhhhh! mas isso já é outra história! Outro filme! (bom também)
;)

SAUDADES



In Memoriam: ao meu único irmão, Dionisio, que Deus levou para Si, no dia 29/08/2006.

Ontem eu sonhei que ao tirar o pó da estante da minha casa, notava que o retrato da minha família, estava diferente... esfreguei meus olhos, mas a foto continuava estranha... olhei para o porta-retrato seguinte e reparei que acontecia a mesma coisa... e olhei sofregamente para o outro e a mesma coisa acontecia... notei que em todos os porta-retratos da nossa sala estavam do mesmo modo: sobrava um espaço e faltava alguém...
E eu não entendia aquele fenômeno. Tentei me lembrar o que faltava na foto, mas não me vinha a mente nada e ninguém. Fiquei desesperada... a sensação de perda era grande! O que aquelas fotos tentavam me dizer? Fui à caixinha de trecos e tararecos da família e notei que algumas coisas não mais estavam lá. Havia apenas bonecas e sonhos cor de rosa... mas os caminhõezinhos e os sonhos azuis haviam sumido... eu tinha certeza que um dia lá estiveram... Onde então haviam colocado? E porque haviam separado estas das nossas coisas?
Peguei alguns desenhos de escola, de quando éramos crianças... tão engraçadinhos, uns rabiscos hoje tão feios, mas que um dia foram elogiados... nestes rabiscos jurara eu haver mais alguns... mas estes também desaparecera...
Andei pelos cômodos da casa e em vão... faltava um cômodo também...
Vi a mesa posta... cinco pratos - quatro sujos; cinco copos - quatro ainda com um restinho de líquido no fundo, cinco cadeiras, quatro afastadas da borla da mesa e uma sozinha – ninguém sentara nela... mas ela estava lá...
No banheiro, as escovas alinhadas uma a uma – eram quatro – sobrava um espaço também...
Tornei a olhar os porta-retratos...os espaços em branco continuavam lá...
Lembrei que só podia ser um sonho mesmo... e que quando eu acordasse riria de mim mesma... que sonho mais besta!!!
Hoje eu acordei... ao passar pela sala dei de cara com os retratos... estavam em branco e preto... e não havia mais espaços...
Corri ao baú e os rosas e azuis estavam lá... desbotados...
No corredor um quarto fechado... não quis ousar entrar...
Na mesa... cinco lugares... um continuava vazio...
os outros???... estavam sozinhos...
Ao passar os olhos de volta ao retrato, entendi que ontem tinha um espaço
Hoje? tem um vazio...
E amanhã... Temos muitas saudades...
(Alde Maller) set/2006

RETOMANDO A PALAVRA


FIQUEI ALGUNS MESES SEM POSTAR... CLARO, PERCEBE-SE! Mas tenho razões para isso. Consegui finalmente exterminar meu ex blog, para fazer um da forma como eu desejei. Mas isso não significa que fiquei sem escrever, sem colocar no 'papel' minhas ideias que às vezes escorrem e quase não posso controlar. Colocarei aqui aos poucos os textos que tenho escrito ao longo dos anos. Eternizar talvez seja a palavra que mais me anima. Compartilhá-los também. E tempo? Tempo é uma palavra que às vezes parece um obstáculo, mas conseguirei adequar minhas obrigações a este prazer que sinto em falar, falar, falar sem que saia nenhum som de minha boca. Apenas a caneta e o movimento no papel para depois ouvir apenas o teclar das letras que já dizem muita coisa!