sábado, 26 de outubro de 2013

MINHAS TARDES COM MARGUERITTE

“Um encontro pouco comum, entre o amor e a ternura, não tinha outra coisa. Tinha nome de flor e vivia entre as palavras. Adjetivos rebuçados, verbos que cresciam como a grama, alguns ficavam. Entrou suavemente desde o córtex até o meu coração. Nas histórias de amor há mais que amor. Às vezes não há nenhum “eu te amo”, mas se amam.Um encontro pouco comum. Eu a conheci por acaso no parque. Ela não ocupava muito espaço, era do tamanho de uma pomba com as suas penas. Envolta  em palavras, em nomes, como o meu. Ela me deu um livro, e outro, e as páginas se iluminaram. Não morra agora, há tempo, espere. Não  é hora, florzinha. Me dê um pouco mais de você. Me dê um pouco mais de sua vida. Espere.Nas histórias de amor há mais que amor. Às vezes não há nem um ‘eu te amo’, mas se amam."

Achou que é uma poesia? São as palavras finais do filme francês 'La tête en friche' - Minhas tardes com Margueritte em português. E acertou! É uma poesia mesmo! Gerard Depardieu, o ator que faz o personagem principal, Germain, recita essas  palavras enquanto à frente vê-se um campo cheio de margaridas e uma longa estrada a trilhar. Tudo não soa nada mais que um paradoxo. A pessoa a quem ele dedica essas palavras tão singelas, é Margueritte (Gisèle Casedusus), uma velhinha com 96 anos, que ele acaba de tirar de um asilo municipal. 
Germain e Marguetitte se encontram em uma tarde na praça da cidade, curiosamente com o mesmo gosto: dar comida aos pombos, contá-los e dar nomes a eles. Ele, um homem simples, que teve muitos problemas com a mãe, nunca conheceu o pai e ainda por cima na escola sofria com chacotas dos colegas e principalmente seu professor, que não perdia uma oportunidade para chamá-lo de burro, por conta disso nunca passou do primário e tem dificuldades com a leitura. Apesar de tudo isso, é um ser humano que aprendeu a ver o sofrimento dos outros e tem um coração gigantesco. Já Margueritte, uma velhinha, dessas que dá vontade de levar para casa, é profundamente culta, com sabedoria coloca as palavras no momento certo e com seu jeitinho e olhinhos encanta Germain. Ela mora numa casa para idosos, patrocinada pelos sobrinhos que a visitam de vez em quando. Gosta de ir à praça para ver os pombos e não se sentir tão sozinha e ler na companhia deles.
Uma amizade, pouco improvável, começa a existir no momento em que eles se encontram. Germain aos poucos deixa-se levar pela leitura de Margueritte de clássicos que ele nunca ouvira falar. O primeiro deles é de Alberto Camus -  A peste. Margueritte percebe que Germain tem uma simplicidade e inocência e pouco contato  com o mundo letrado e começa aos poucos incentivá-lo a querer saber mais e viajar pelo mundo através da leitura.
Só isso já seria o motivo para fazer desse filme algo magnífico! Porém o diretor Jean Becker, com sua sensibilidade consegue transpor para as telas a bela história escrita por Marie-Sabine Roger. 
É um filme curto, daqueles que você queria que durasse um pouco mais, que faz você pensar nas amizades verdadeiras e no que realmente vale a pena cultivar. Pelo menos a mim, envolveu-me de uma forma inquietante e impactante do começo  ao fim, de forma simples e tocante. Recomendo!

domingo, 15 de setembro de 2013

É PRECIOSO! A SOCIEDADE DO ANEL

             
  Mesmo que você não tenha lido a saga O senhor dos anéis, do grande e espetacular escritor J.R.R. Tolkien, terá um vislumbre da magnitude de sua obra ao assistir a um das histórias adaptadas para o cinema. O diretor Peter Jack consegue um resultado espetacular nessa adaptação. A forma como ele nos instiga a continuar a assistir a trilogia, uma após a outra - alguns mais loucos, as três em um dia só - é de modo notável. A trama, o cenário, a narrativa, os personagens fantásticos, os mundos inimagináveis sendo recriados, prendem-nos do começo ao fim, com sabor de quero mais - alguns com a sensação que precisam de mais umas 'dez trilogias'.
                Foi assim, no primeiro filme da série,  A sociedade do anel,  que ele nos apresenta os personagens, o surgimento do anel e o tom da série, passada na Terra-média. Gandalf (Ian McKellen) vai ao Condado dos hobbits para a festa de despedida de Bilbo (Ian Holm). Este tem um sobrinho, Frodo Bolseiro (Elijah Wood), amigo de Sam (Sean Astin). Gandalf acaba descobrindo que seu amigo carrega o anel do poder, ou seja, aquele que o possuir estará dominado pelas trevas e o desejo de poder. Ele pede que Frodo saia em jornada, com Sam – os quais, pelo caminho, encontram Pippin (Billy Boyd) e Merry (Dominic Monaghan) –, levando junto o anel, em direção ao vilarejo soturno de Bri, onde eles se encontram com Aragorn (Viggo Mortensen), que os ajuda a fugir de cavaleiros assustadores, em meio às árvores do Condado. Frodo entende, aos poucos, que sua missão não é tão simples quanto se imagina. Depois de um novo enfrentamento e serem salvos pela elfa Arwen (Liv Tyler), os hobbits vão para Valfenda, onde a sociedade do anel do subtítulo se reúne por meio da figura de Elrond (Hugo Weaving). Nela, há um elfo, Legolas (Orlando Bloom), um anão, Gimli (Rhyam-Davies), e Boromir (Sean Bean), que se integram à “sociedade do anel”, e o filme intensifica o poderio das imagens – constituindo o elo entre os três filmes. Eles precisam ajudar Frodo a chegar à Montanha da Perdição, em Mordor, onde o anel deverá ser destruído, em meio a provocações entre o anão e o elfo e o desequilíbrio de Boromir. Ao mesmo tempo, Gandalf precisa enfrentar Saruman (Cristopher Lee), que tem planos de seguir o Olho de Mordor, o qual deseja recuperar o anel. Saruman (Cristopher Lee) aprisiona Gandolf em Isengard, a princípio – depois de uma cena de embate em que os cajados representam a força de cada um –, mas logo é enfrentado.
                Neste primeiro filme, além da apresentação dos personagens, há detalhes surpreendentes, sobretudo quando eles chegam às Minas de Moriá. Deparando-se com um monstro submarinho com tentáculos, o grupo foge para dentro dessa caverna, sem saber que nela os espera algo pior e aterrorizador. Peter Jackson consegue emprestar a sequências magníficas um tom, ao mesmo tempo, de pesadelo e fantasia, sem nunca cair num excesso; pelo contrário, a cada desmoronamento de uma montanha ou a abertura de um chão repleto de escadarias, apesar de sua grandiosidade, é dado um aspecto fabular inesquecível e modificador também para a narrativa. É perfeito!
Além dos cenários e figurino perfeitos, o que mais se destaca é a trilha sonora. Não apenas as músicas que remetem ao clima da Terra-média e ajudam a criar o ambiente de tensão e batalhas, mas os sons criados para as aparições dos Cavaleiros Negros e, o que mais chamou a atenção, a forma como é mostrada a visão de Frodo quando ele usa o Um Anel.
                Muitos começam a assistir ao filme e desistem no meio da empreitada. Dizem ser muito extenso o filme, com duração muito longa. Mas garanto a você, permita-se enredar pela história. Deixe os personagens te contar a história do Um Anel. Permita-se ser levado à Terra-média e viva uma das maiores fantasias que só um gênio como Tolkien poderia criar.
                Depois disso, verás que será difícil suportar a espera do próximo filme que Peter nos trará. Essa espera sim, é angustiante!

(Aldenir Maller)

sábado, 3 de agosto de 2013

NEM SEMPRE O PRIMEIRO É O N.º 1

"Quem sabe amanhã todos usemos 42, para que ninguém mais consiga nos diferenciar". QUARENTA E DOIS!  Este foi o número que consagrou Jackie Robinson. Aliás este número, não é mais utilizado nos jogos de beisebol. Ele foi 'aposentado' por mérito! Somente Jackie Robinson era digno desse número! 

Não! Não sou fã de beisebol. Nem mesmo reconheço as regras ou funcionamento desse jogo tão amado pelos americanos. Mas, ao assistir ao filme  42 - A História de uma lenda, bati palmas dentro do meu coração. Parecia que eu era uma dessas fãs inveteradas dos Dodgers. O filme foi baseado na história do primeiro negro a jogar na liga norte-americana de beisebol no ano de 1946, época em que muitos estados e cidades estadudinenses - e do mundo - ainda eram muito conservadoras e cheias de racismo. A segregação vinha sendo combatida, mas ainda era muito forte em várias partes do país. Robinson ama beisebol e vê-se na necessidade de lutar contra o preconceito. Branch Rickey, interpretado por Harisson Ford, enfrenta e trava muitas batalhas para colocar Jack na liga de beisebol. Juntos, Jack e Rickey ficaram na linha de fogo da imprensa, dos jogadores, dos empresários, dos moradores e do público em geral. Robinson, que tinha um temperamento mais explosivo, teve que garantir a vitória não só na demonstração de competência no esporte, mas também no autocontrole, para não reagir quando xingado, ameaçado e tratado com injustiça. O talento do jogador e a forma como ele se comporta em campo acaba conquistando a sociedade e de alguma forma abrindo portas para outros jogadores negros que tinham habilidade no esporte, mas não podiam competir com igualdade por causa do racismo. 


A frase com a qual iniciei este post, foi dita por um dos companheiros de time, após presenciar a barbaridade com que outros jogadores e o público se dirigiam a Robinson. Ele abraça Jackie, que usava o n.º 42 do Dodgers e declara de forma emocionada que aprendera a não ver diferença entre ambos.


Olhando a história de Jackie, percebi que toda a honraria que ele recebe no decorrer de sua carreira foi mais que merecida. Ele ganhou vários prêmios durante a carreira, até se aposentar. O que me chamou a atenção, além da história do 'aposento' do n.º 42, foi os detalhes de seu enterro e funeral, ocorrido em outubro de 1972. Ele falece aos 53 anos, com complicações cardíacas por causa de diabetes. Muitos companheiros e ex-companheiros de beisebol carregaram seu caixão.


Uma história emocionante, embora já retratada em vários outros filmes bem a gosto norte-americanos. Vale a pena passar os 128 minutos torcendo pelo jovem jogador e ainda depois investir mais um tempo investigando sobre a vida deste no google. 


(Alde Maller ago/2013)


sábado, 20 de julho de 2013

EU ESTAVA LÁ... PERIPÉCIAS DE UMA BRASILEIRA EM OUTROS PAÍSES (5.ª parte)

Como eu disse na 4.ª parte desse relato, foram momentos complicados, mas que se dissiparam pelo que estava por vir. Nada poderia tirar o brilho do tão esperado. Em cima das montanhas, eu vi a primeira poça d'água gelificada! Só isso quase me encheu os olhos de lágrimas. Eu veria neve pela primeira vez na minha vida! Quando em Curitiba nevou, 1975, eu não lembrava, era muito pequena. Agora eu teria a oportunidade de presenciar esse fenômeno da água em estado sólido tão de perto. Sabe quando você assiste a filmes que aparece a imensidão do gelo, pessoas de casacos, carros limpando as ruas, você sabe que existe, mas não tem a dimensão. Eu sou igual a Tomé! Preciso ver para fazer sentido! Aos poucos a paisagem foi modificando. O ônibus em que viajávamos, percorreu uma longa estrada, reta que parecia não ter fim (aliás as estradas na Argentina, nessa parte pelo menos, são infindas, retas). A noite veio, dormimos sem poder enxergar a paisagem e fomos acordados às 5 e meia da manhã com a seguinte mensagem: "Pessoal, acordem. Vocês precisam ver a paisagem deslumbrante lá fora!" Olhei a janela ainda toda molhada pelo sereno e vi! As Cordilheiras, imponentes, maravilhosas ao fundo. Ainda estava escuro, mas dava para ver claramente o pico branco das montanhas. Fui uma das primeiras a saltar do ônibus quando este parou. O nascer do sol começava e uma das visões mais lindas estavam ali a minha frente. Com máquina na mão quis eternizar este momento, porém o que ficou gravado foi a emoção na minha mente. Não existem palavras para descrever. Eu sussurrei: 'que lindo'! E realmente, era perfeito!







Atravessamos a aduana Chilena. A experiência com a neve, a paisagem deslumbrante deu lugar àqueles policiais, fazendo seu trabalho claro, perguntando-nos tudo e revistando nossas bolsas. Estávamos entrando em território chileno!

 







EU ESTAVA LÁ... PERIPÉCIAS DE UMA BRASILEIRA EM OUTROS PAÍSES (4.ª parte)

Chegamos às Salinas. Aquela branquidão sem fim, entrecortada pela estrada, ao mesmo tempo maravilhava e doía os olhos. Depois saímos dali para voltarmos por Jujuy e pegarmos a Cordilheira do outro lado. Nesse ínterim,  algumas pessoas - e por isso entenda-se praticamente toda a tripulação -  passaram mal, com vertigens, desmaios, ânsia de vômito, pressão baixíssima. Mas tudo foi controlado, graças a enfermeiros que viajavam conosco e às folhinhas de coca.







A parte mais esperada ainda estava por vir! Tudo valia a pena!  

EU ESTIVE LÁ... PERIPÉCIAS DE UMA BRASILEIRA EM OUTROS PAÍSES (3.ª parte)

Estávamos praticamente no pé das Cordilheiras, rumo ao Atacama. As curvas começam a aparecer. Os cactos. Muitos deles pelas encostas das montanhas, beira das estradas. Os animais típicos da região, os povos típicos. Mesmo sabendo que não fazíamos parte daquele cenário, só estávamos de passagem, senti-me inserida por aquela paisagem. Era como se eu pertencera àquele lugar muito antes de eu me imaginar visitando-o. Foi uma espécie de nostalgia antecipada futurística. Tudo bem, não dá para entender mesmo. É que nessa parte da viagem, a altitude começa a fazer efeito. Alguns caminhoneiros na parada em Punamarca, aconselharam-nos a não ir pelo Paso de Jama, pois estaria fechado, por conta da neve nas Cordilheiras. Mas queríamos tentar! E também queríamos conhecer as salinas. Eles também nos aconselharam a mascar coca, a folha de coca, para que não passássemos mal lá em cima. Tínhamos apenas começado a subir e alguns já começavam a sentir o efeito das curvas e da altitude. Alguns resistiram a folha de coca, medo, preconceito, entre outros, mas o fato é que a folhinha ajudava realmente o organismo na adaptação da nova realidade que enfrentávamos. O caminho magnífico arrancava suspiro de toda a galera da excursão (éramos em 40 pessoas). A cada paisagem percebíamos o quão pequenos somos e quão maravilhoso o mundo é! Chegamos a marca de 4.500 de altitude e então nos deparamos com a confirmação na estrada de que deveríamos ir pelas Cordilheiras, pela parte da Argentina, Los Libertadores, pois o Paso de Jama estava realmente interditado. Pensei nos gêiseres, nos vulcões que não veria, mas tudo ainda valia a pena.







EU ESTIVE LÁ... PERIPÉCIAS DE UMA BRASILEIRA EM OUTROS PAÍSES (2.ª parte)

Bom, conhecemos uma igrejinha em San Salvador de Jujuy, Iglesia de Dios, e depois partimos rumo às Cordilheiras pelo Paso de Jama, rumo a San Pedro de Atacama. Trecho maravilhoso. Antes de começarmos a subir propriamente pelas curvas de Jujuy, paramos em uma cidadezinha, Punamarca, Cerro de Los Siete Colores. Na entrada da cidade, percebia-se as casas típicas, feitas de barro e ao fundo as montanhas coloridas, despontando magníficas. A cidadezinha vive de venda de artesanatos e além das várias lojinhas nas ruelas, distribuíam-se por toda cidade feirinhas e comerciantes indígenas. Tudo encanta! A gente de lá e as montanhas. A antiguidade do local parece querer falar conosco. A igrejinha antiga dos jesuítas, o órgão em um canto empoeirado, as árvores mais antigas que já conheci, datam de mais de 700 anos (setecentos) e as majestosas montanhas que nos convidam para vê-las mais de perto. Até aí eu já estava impressionada! Tudo encanta de uma forma que chega a emocionar.







EU ESTIVE LÁ... PERIPÉCIAS DE UMA BRASILEIRA EM OUTROS PAÍSES (1.ª parte)

um relato de viagens por lugares interessantes!

Primeira parada: Aeroporto de Foz do Iguaçu. Depois de muitas turbulências em um curto caminho, chegamos a Foz de Iguaçu-PR, onde o ônibus do pessoal da Igreja de Deus de Rondon, estava a nossa espera. A turbulência foi a marca nesse trecho! Nunca senti tanto medo e arrepio nas subidas e descidas repentinas que o piloto fazia na aeronave. Cheguei a pensar em arrependimento - não de pecados, embora pedi perdão e entreguei minha alma - por ter comprado passagem de avião e não por ter ido por terra. Depois de falar várias vezes a mim mesma que os acidentes mais comuns e que matam tantas pessoas não é o aéreo, consegui me acalmar. Suspirei! Estávamos sendo comunicados de que logo estaríamos em solo firme. Agora era pegar as malas, encontrar o pessoal e seguir viagem rumo à Argentina e ao Chile!


Depois de passarmos na fronteira Brasil-Argentina, adentrarmos e sairmos de várias cidadezinhas na Argentina, paradas em postos, fazer comida na estrada, chegamos a San Salvador de Jujuy e visitamos Salta - La Linda. O nome lhe faz jus. É uma província importante do noroeste argentino. Fica localizada a leste das Cordilheiras dos Andes. Sua principal atração é o teleférico gigante que passa por toda a cidade. A vista lá de cima foi impressionante! Alguns ficam com medo, mas vale a pena.










sábado, 22 de junho de 2013

UM DIÁLOGO COM PE TENTE

Ele me atendeu com uma voz clara e perfeita:
- Bem-vindo a central de informações de Curitiba! Para sua maior comodidade acesse também a central pela internet, 24 horas por dia, todos os dias da semana. Caso queira falar (não, não... eu só liguei para ouvir essa bela voz) tecle 1 para isto, 2 para isso, 3 para aquilo... ou aguarde 'alguns minutinhos' para ser atendido. Teclei. Aguardei. Depois de 9 minutos, uma outra voz pigarreou ao telefone e eu logo fui falando:

- ALÔ!? é da Secretaria de saúde?
tem bastante água parada em Piraquara, Pinhais, CIC, Barigui! vocês não vão lá hoje vistoriar não? Ah tá! não é da competência de vocês nesse caso? Tem que ser com a Defesa Civil? Ok, obrigada!

Alguns minutos depois de falar com a já conhecida voz e teclar os números que ele sugere:
- Alô!? É da Defesa Civil? Então, vários bairros de Curitiba e região estão alagados! As famílias estão em situação deplorável! Vocês vêm? Como? Não é da competência de vocês? Mas a Secretaria de Saúde disse que é! Ah tá, eles não tem competência para tal informação! Então, para onde eu ligo? Hum, para a prefeitura direto! Ok, obrigada!

Muito tempo depois, e confesso, quase começar um relacionamento afetivo com o atendente - em tempo lembrei que era apenas uma gravação - me atenderam:

- Alô!? É da prefeitura? Então, eu estou tentando comunicar sobre a situação que está ocorrendo em várias partes da cidade. Casas invadidas pela força das águas, muitas pessoas isoladas, que perderam bens e estão sem condição mínima de abrigo por conta disso! Vocês vêm? O quê? Sim, eu participei do protesto nessa semana, mas... Ah, a prefeitura foi depredada e a culpa é minha? Mas eu só estava protestando contra a falta de investimentos, descaso do governo em relação ao povo! Eu sei que durante o protesto alguns se aproveitaram para quebrar e invadir propriedade pública e privada, eu sei disso! Mas eu não compactuo com isso, não sou favorável a esse tipo de atitude! O que eu quero é mudança, como milhões de pessoas pacíficas também querem. Não... você está errado! Não é tudo farinha do mesmo saco! Há protesto legítimo e sem violência sim! O quê? Vocês vão deixar como está para que o povo aprenda a não protestar? Eu protesto! Não pode ser assim! Como? Os problemas decorrentes da força da natureza não é da competência de vocês? Então é de quem? Você não sabe me dizer? Tem alguém competente para me dizer sobre a competência? Alô!? Alô!?

tu tu tu tu tu tu

Bando de incompetentes! (Alde Maller/jun/2013)

terça-feira, 11 de junho de 2013

CONSENTIMENTO

"DÁ ATÉ VONTADE DE DIZER QUE TE AMO!"
Ele a olhava calado e essas foram as únicas palavras que saíram de sua metade pensante. Havia noites que ficava ensaiando como dizer a ela que não conseguia mais disfarçar o silêncio que se instaurara entre eles. Lembrava sempre das horas em que até as músicas tornavam-se diálogos. Se dissesse algo poderia quebrar aquele momento em que ela simplesmente pedia a sua companhia.
A chuva fina começava a cair e sem uma sequer menção de se levantar, ela encosta a cabeça no ombro dele e sorri um sorriso triste. Era isso que tinha imaginado dali em diante. Ficar assim, sem nada dizer, sem nada querer, apenas sorrir. 
Talvez essa necessidade de silenciar-se tenha nascido da falta de falar o que lhe ia ao coração, mas fazer conjecturas, tendo a lua por testemunha e à frente escuridão, não era muito sano. Ele encosta os lábios na testa fria e suspira baixinho para não cortar os pensamentos que brincavam à intensidade do vento. 
Era bom, de novo, estar ali! os cabelos longos novamente encostando em seus braços, as pernas roçando seus joelhos, aquele perfume, suave, doce, memorável. Ele sabia que ela iria em algum momento pedir. Ele estava ansioso pois já havia se recusado por algumas vezes a dar a ela aquilo que mais lhe causava temor. Chegou a conclusão que por mais esforço que fizesse não comandava mais seu coração. Ele a acompanhava em silêncio, assim como ela estava.
Então... ela pediu...
e ele, consentiu...
(Alde Maller - mar/2010)

QUE O AME

- Se você tivesse demorado um pouco mais o olhar...
Ele dissera isso com tanta certeza que todas as dúvidas que ela tinha acabaram de uma vez por todas. Ela já havia diagnosticado seus erros em relação a ele. Imaginara que se tivesse percebido antes muita coisa, que agora se dispunham ali a sua frente, talvez muita dor seria evitada. Talvez! Por que esta mania de duvidar de tudo? Ele estava ali olhando o por do sol, mas era como se não olhasse... Ela sempre tivera a sensação de que sempre ela precisara mais dele do que o contrário. E ali ele parecia tão indefeso!? 
Ela se lembrou de quantas vezes fora até mesmo grossa, insensível como se sempre estivesse em posição de guarda. Ele apenas queria aproximação, mais nada. Ela tinha medo de que ele pudesse finalmente lê-la e interpretar essas entrelinhas que lhe eram tão singulares. Ali, naquele momento em que o sol mantinha a sombra dos dois por um longo período, ela via a insatisfação estampada no rosto dele, de tudo aquilo que ela não deixou vingar, aprofundar, enraizar. Aquele namoro tão agitado e do jeito que ela mesmo ditava, de nada tinha de suave, especial. As cores que ela usava para pintar a aquarela do encontro deles eram cores de segunda e foram apagando-se assim que tomaram forma. 
Na verdade, muitas vezes só o que ele precisava era de um porto seguro, um lugar para estar, quando todos os outros estivessem ruins, e ela não percebera isso e acabava reagindo da pior maneira... afastando-o. Ela se ocupava tanto com as lembranças do passado que não conseguiu decifrar os pedidos de ajuda que ele lançara sutilmente. Mesmo que ela dissesse que a culpa havia sido dele, ali, diante do sol, tudo ficava claro. 
Ele jamais pedira a ela uma certeza dos sentimentos nutridos, mesmo porque ele já sabia de antemão a resposta, que ela mesma tentava disfarçar, esconder. 
Ele lança a ela um olhar tão gentil que desmonta qualquer defesa que ela havia por horas ensaiado diante do espelho que tantas vezes presenciou seus ataques de melancolia. Ele estava ali... e aquele olhar penetrava tão fundo que ela não conseguiu sustentar o tempo suficiente. Ele pega o queixo dela e devagar e com doçura característica, diz:
"- Sou apenas um homem, diante de uma mulher, pedindo a ela que o ame..."
E foi assim que ele na penumbra, vagarosamente, começou a ir embora!
(Alde Maller - jun/2009)


"Se por algum momento você achar que vale a pena tentar recomeçar de uma maneira nova, com mais clareza, eu estou disposta a ser o que eu não fui..."

SAUDOSISMO

não se vê mais as mãos entrelaçadas
os papos na calçada
os risos abafados na praça...

nem as contas infindas dos pés enfiados na areia da praia
dos mergulhos fora de hora
das torcidas pelas chuvas momentâneas para um banho inocente!

não se vê mais a cumplicidade nas meias verdades
nas brincadeiras, besteiras
nos instantes de dor...

não se nota mais dois corpos deitados no velho trapiche
nem os cabelos ao vento
as flores não foram mais colhidas, nem admiradas!

tudo se foi...
restam olhos distantes que não sorriem
e este silêncio que apavora!

até o nascer do sol
parece que hoje nasceu em algum outro canto
só ficou mesmo a saudade por companhia
e esta,
teima em ficar!
(Alde Maller - mai/2009)

quarta-feira, 1 de maio de 2013

UMA CRÔNICA AO SOFRIMENTO


UMA CRÔNICA NO MEIO DO JARDIM
Hoje a minha pergunta para Deus foi, instintivamente: Por quê? E imediatamente clamei: Deus, tenha misericórdia! 
Às vezes me sinto assim quando oro por alguns queridos e a resposta não vem, ou a resposta não era a esperada. Sinto como Max Lucado que em um de seus textos colocou: "O nevoeiro do coração partido". Parece que esse nevoeiro quando se instala e rouba a alegria furtivamente, não quer ir embora. E por mais força que façamos, essa névoa densa vai tomando conta e nos impede ver o que há pela frente, o que está lá adiante, fora desse nevoeiro. Pode-se acender lanternas, pode-se tentar tirar obstáculos, mas a densa névoa impede-nos de ver um palmo seguinte, quem dera o amanhã!
Se fosse só a questão de enxergar até daríamos um jeito. Mas o nevoeiro faz-nos céticos com as palavras de ânimo e ajuda que nos chegam em momentos como estes. Parece que toda voz de conforto não tem sentido diante da situação de desconforto. As palavras muitas vezes tornam-se vazias, frias e soltas, por mais sinceras tenham sido da parte de quem as enunciou.
Lembrei-me das palavras de Deus há algum tempo me dizendo que Ele também já passou  por esse nevoeiro. E talvez esse nevoeiro tenha sido o mais denso de toda a história. Era uma noite escura, muito escura. E Ele estava só. Ali diante da aflição, em saber qual seria o passo a seguir, Jesus sente a névoa invadir por segundos o seu coração. "Se for possível Pai, passa de mim esse cálice?" Jesus também orou assim a Deus. Senhor, me tire dessa angústia! Senhor, não me deixe sozinho, mais do que já me sinto!
E Deus me fez ver as palavras seguintes de Jesus: "...contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres". Jesus sentia-se sozinho, abandonado pelos discípulos até em oração. Sentia-se angustiado pois a Bíblia assim relata: "encontrava-se profundamente triste". Jesus sabia do que eu estava falando naquele momento: "Senhor, estou profundamente triste!" Não só de saber, mas por que ele próprio sentira na pele essa angústia, essa névoa que por vez ou outra se instala em minha vida.
Jesus não orou apenas uma vez ao Pai derramando o seu coração, sua dor, sua tristeza, sua angústia. O texto em Marcos, no Jardim do Getsemani, Jesus procura ajuda de Deus e de seus discípulos por três vezes. E sente-se nas três vezes isolado. O seu  pedido não estava sendo ouvido.
Eu já me senti assim! Diante do desconforto, de não saber que rumo tomar, o que fazer em determinadas situações, senti-me profundamente só e sem forças. Tudo parecia conspirar contra mim. A névoa densa não me deixava enxergar além de mim mesma. Era como se todas os problemas ruins resolvessem cair apenas em mim. E inevitavelmente a pergunta vinha: Por que Deus? Por quê?
Eu achava que Deus nunca havia passado por isso, afinal Ele é Deus. Mas a Palavra fez-me ver algo que eu nunca havia enxergado: "...começou a sentir-se tomado de pavor e angústia..." Ele sabia o que eu estava passando, pois sentira na pele! Ele experimentara o jardim do sofrimento e sentira-se só! Ele rogara por passar aqueles momentos cruéis que deixavam-nO cheio de medo e angústia e estava se sentindo muito só! Ele suplicara por companhia, por três vezes, mas não teve nem ajuda em oração.
Você consegue entender isso? Ele sabe da névoa que sentimos não só de ouvir falar, mas por que um dia já passou por situação sofredora. Ele sabe do que estamos falando. Só conseguimos entender, na sua totalidade, o sofrimento de alguém quando também já passamos por situação semelhante. 
Em Hebreus, essa cena do jardim, é descrita assim: "Ele, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte" (Hebreus 5:7) Jesus estava com medo. Estava sofrendo. Jesus chorou. Jesus clamou. Suplicou em oração. Ele sabia o que iríamos passar. Ali, no meio do jardim, estava Jesus como eu, cheio de humanidade.
E de vez em quando eu tenho que revisitar essa cena do Jardim de Marcos 17 para entender que Ele me compreende sim. Sabe o que estou passando. Conhece com propriedade a minha angústia, o meu sofrimento, a minha dor. No meio do nevoeiro eu vejo Jesus! Só Ele pode estar lá. Ele já esteve uma vez por mim. No meio daquele denso nevoeiro, na mais completa solidão, Ele também suplicou. Aliás, o desfecho dessa história você já conhece. Ele poderia ter corrido, ter ido embora, porém preferiu seguir adiante por causa do amor por mim e por você. 
Jesus se assemelhou ao ponto de passar por sofrimentos carnais para dar um recado: "Eu  sei o que você está passando!" Não estamos sozinhos no meio da angústia. Ele também está lá. E talvez ver a vida, os problemas por essa perspectiva faça nos lembrar de que em meio a todo sofrimento possamos ver Deus de uma forma que nunca havíamos visto.
No sofrimento Deus se revela a nós de maneira jamais sentida.
Cabe agora aceitar a mão que a mim se estende. Ele também está lá! 
Alde Maller (Mai/2013)



Foto: Estamos orando Cida e Leandro Jose da Cruz! "Ainda que eu ande no vale da sombra e da morte, não temerei, pois o Senhor está comigo."
Como seguidores de Deus, temo uma enorme vantagem: Nós sabemos que tudo dará certo! Confiar em Deus foi a opção de muitos homens até aqui. E nós faremos o mesmo!
"Ainda que eu ande no vale da sombra e da morte, não temerei, pois o Senhor está comigo."
Como seguidores de Deus, temos uma enorme vantagem: Nós sabemos que tudo dará certo! Confiar em Deus foi a opção de muitos homens até aqui. E nós faremos o mesmo!

sábado, 23 de fevereiro de 2013

COISAS DO BARDO INGLÊS


No  filme "10 things I hate about you" o professor pede aos alunos que façam uma releitura dos sonetos de Shakespeare. A personagem principal, feita pela atriz Julia Stiles, é do estilo "Megera indomada", que ninguém consegue vencer nos entraves e não se apaixona facilmente. Apesar do enredo ser bem estilo americano: colégio, baile de formatura, jovens brigando por causa da garota sensação do colégio, o 'gostosão' em vantagem com a garota e um rapaz sem chances conseguir aos poucos se aproximar, a atuação de Heath Ledger como o garoto 'esquisito' é impressionante. Aliás esse ator é impressionante em todos os filmes, uma pena ter desistido da vida. No filme em questão, ele é pago para conquistar Kath (Julia Stile) para que o caminho fique livre e a irmã dela possa sair com os rapazes, coisas que o pai é totalmente contra. tem umas cenas engraçadas: as conversas do pai com as filhas sobre a paranoia da gravidez, a música nas escadas do estádio da escola em que Patrick (Heath Ledger) tenta chamar a atenção de Kath, esta na tentativa desesperada de livrar Patrick da detenção, mostra os seios para o professor, e por aí vai. A cena máxima, o clímax, é quando tudo é descoberto, e Kath então já apaixonada pelo rapaz esquisito e sedutor, fica profundamente decepcionada com a atitude mesquinha do moço em ter aceitado a proposta indecente de conquistá-la por dinheiro. É claro que ele também, nesse ínterim, apaixona-se também pela moça de gênio difícil, mas precisará provar que tudo não passou de idiotice de momento. O mais interessante desse roteiro é justamente a forma como Shakespeare é abordado, tanto na personagem principal quanto no poema, em que Kath, visivelmente emocionada faz a leitura da construção de seu poema para toda a classe, olhando para Patrick, totalmente constrangido e pensativo.
Vale a pena assistir pela intertextualidade brilhante!


SONETO 141

Por crer, não te amo com meus olhos,
Pois eles em ti veem mil defeitos;
Mas é meu coração que ama aquilo que desprezam,
Que, apesar de ver, se comprazem com o que sentem.
Nem se alegram meus ouvidos ao som de tua língua;
Nem sentimentos doces nascem de teu toque,
Nem sabor ou perfume são bem-vindos
A qualquer festim sensual a que me convides:
Mas meus cinco sentidos não podem
Dissuadir um coração tolo de servir-te
Que deixas imperturbado como um homem,
Escravo e vassalo de teu coração altivo:
Somente em desgraças conto os meus ganhos,
Pois aquela que me faz pecar, também me faz sofrer.


POEMA DO FILME '10 COISAS QUE EU  ODEIO EM VOCÊ"

Eu odeio o jeito que você fala comigo,
e eu odeio o jeito que você corta seu cabelo
Eu odeio o jeito que você dirige meu carro
Eu odeio quando você encara.
Eu odeio suas grandes e idiotas botas de combate,
e o jeito que você lê minha mente.
Eu te odeio tanto, que me faz ficar doente,
E até me faz rimar.
Eu odeio que você está sempre certo.
Eu odeio quando você mente.
Eu odeio quando você me faz rir,
até mais quando você me faz chorar.
Eu odeio quando você não está por perto,
e o fato que você não me ligou...
Mas ainda por cima eu odeio que eu não te odeio,
Nem perto,
Nem mesmo um pouco,
De jeito nenhum."

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CRÔNICA


KISS – O ÚLTIMO BEIJO

O primeiro beijo a gente nunca esquece! Pode ser bonito, feio, demorado, rapidinho, roubado, tímido, esperado, sonhado. Em geral, e depende do tempo em que isso aconteceu, sorrimos do nosso comportamento nesse momento tão especial e esperado.
O último beijo não tem a mesma lembrança. Os principais jornais de todo o mundo noticiaram um triste último beijo. Na madrugada de sábado, para muitos jovens de Santa Maria-RS o beijo foi o último. Talvez alguns presentes ainda nem tivessem a experiência do primeiro. Mas foi o último.  Também difícil de esquecer!
Quantos sonhos amontoados em um só lugar? Alguns na expectativa da conclusão da faculdade. Outros comemorando a entrada nela. Alguns querendo diversão com amigos, namorados, parentes. Outros acompanhar o trabalho de sua banda favorita. Alguns comemorando aniversários. Outros apenas acharam algo interessante para se fazer em um sábado à noite.
O ambiente era de festa! Se você estivesse lá pensaria nas condições de segurança? Quando somos impelidos a ir a uma festa, implicitamente sabemos que voltaremos! Muitos sábados na boate Kiss, como em várias boates pelo país, deram certo. Ninguém imaginaria que algo tão ruim pudesse acontecer. Talvez alguém tenha se desentendido no interior da casa de shows, mas rapidamente conseguiu contornar a situação, pois o mais importante era aproveitar o momento de diversão.
Mas uma confusão não conseguiram contornar. Em alguns segundos apenas, a tragédia ganha uma proporção inimaginável. Tumulto, gritos, correria, fumaça, escuridão. Cada um tentando se salvar, procurando uma saída. Mas não havia saídas suficientes. As saídas imaginadas acabaram sendo a última porta a cruzar. Aquilo não fazia parte da festa!
Minutos tornaram-se horas intermináveis. Aqueles que conseguiram sair do horror não acreditavam no que estava acontecendo. Alguns voltavam para procurar seus parceiros que se perderam na confusão. Ficaram lá! E não voltariam mais...
Uma grande comoção! Os números de mortos foram aumentando. Os caminhões chegavam. E corpos iam sendo amontoados para serem removidos daquele caos. Mas o caos se estabelecia por toda a cidade. Parentes foram acordados na madrugada. Quando o telefone toca de madrugada você já imagina algo ruim. E as notícias foram chegando.
Apesar de tantos esforços, muita coisa não foi suficiente. As picaretas para abrir as paredes não foram suficientes. Os tubos de oxigênio e máscaras não foram suficientes. Os leitos na cidade não foram suficientes. Os carros fúnebres disponíveis não foram suficientes. As pás, que antes eram utilizadas para abrir os túmulos no cemitério da cidade, não foram suficientes. Maquinários pesados foram solicitados para atender a demanda. Nem os cemitérios foram suficientes. Quem procurou coroas de flores para fazer a última homenagem, também não achou. Até as flores foram insuficientes.
Este último beijo ninguém quis. O último beijo agora é dado pela mãe, pai, namorados, parentes e amigos que estavam do lado de fora. E isso é inesquecível!
(ALDENIR MALLER)
28/01/2013