terça-feira, 7 de setembro de 2010

AMO-TE


Quanto mais ele a abraçava ficava ainda mais difícil esquecer, seguir em frente. Ele insistia. Dez minutos havia se passado desde o momento em que ela pediu para partir.
- Deixe-me ir, preciso... - A voz denunciava a verdadeira vontade, mas ela precisava resistir.
Havia qualquer coisa de estranha naquele olhar ora tão transparente. Ele notara a confusão que ela fazia com o encadeamento das palavras. Ela gaguejava, deixava as frases interminadas, não sorria como de costume. Repetia apenas: deixe-me partir...
Outro dia ela pedira: - Vá embora da minha vida de uma vez...
- Não me peça isso por favor... Como vou deixá-la se ainda amo-te?
- Amas-me? E por que só agora diz isso para mim? Por favor, deixe-me ir...
Ele nunca tinha enxergado aquela dor que ela tanto insistia em falar. Ele agora podia sentir essa dor e era algo realmente dilacerante. Ela pedia. Por que ela simplesmente não ia embora sem dizer nada? Por que apenas não sumira, o ignorara? Ele entenderia o recado! Mas ali estava ela, com os olhos inchados, vermelhos, as lágrimas rolando sem parar e a frase derradeira: Deixe-me partir...
O que fazer quando duas pessoas se amam mas não conseguem se encontrar? Quando nada nem ninguém os completa e mesmo assim não conseguem se encaixar?
Ela já viera com frases prontas. Decidida, resoluta das medidas a serem tomadas.
Nada podia ser feito. Nem ele ali, dizendo que a amava, nem ela ali, parada, não conseguindo dar o passo de volta para casa.

Um homem que em silêncio dizia que a amava...
Uma mulher que o amava chorando todas as palavras...

"Falta é algo que com o tempo se aprende a deixar no canto..."
(ALDE MALLER)

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