sábado, 8 de março de 2014

AH! ESTE SILÊNCIO...

UMA CRÔNICA DA INDIGNAÇÃO...

Concordo em gênero, número e grau com a Morte, personagem narradora do livro maravilhoso "A menina que roubava livros": “Uma última nota de sua narradora: Os seres humanos me assustam.” Cada vez mais, olhando as notícias, verificando algumas posições, observando o apoio de gente a políticos que se dizem cristãos, ouvindo filhos que não são orientados pelos pais e que se sentem cada vez mais perdidos dentro das escolas, sem discurso ou reproduzindo sem nenhuma reflexão, posicionamentos de 'artistas' que não têm nada a oferecer. E por inúmeras vezes nem a música é de qualidade! Chega a ser deprimente! Atitudes de pessoas que se juntam com o intuito de se divertir, apoiar o seu time, e ainda manifestam o sentimento racista de forma tão rude e mesquinha. Ter que, em pleno século 21, ver as lágrimas de um juiz de futebol, almejando que no futuro seu filho não tenha que passar pelo que ele está passando pois é "algo muito ruim". Isso em plena semana em que um filme ganhou o óscar de melhor filme com o tema dos abusos da escravidão e dos pensamentos racistas e bestiais. Além da Morte (a personagem), lembrei-me também de outra frase, que ainda é tão contemporânea: "O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King) Ela realmente tem razão: "o ser humano me assusta". Inclusive a mim mesma, que tenho silenciado diante de tantas atrocidades e de certa forma me conformado com o mundo que está a minha volta. Não posso crer que a geração de agora, assistida pela geração não tão passada assim (alguns pais de alunos meus são mais novos que eu) espalham, compartilham sem nenhuma crítica a insensatez massificada de tantos. Não falo apenas de mau gosto! Refiro-me a aspectos simples como ter noção e bom senso! 
Veio-me uma palavra a mente: Idiota! Mas a concepção da palavra, que outrora tinha um significado positivo e que depois foi transformada para o uso pejorativo e que nestes tempos caberia bem, não me confortou! Quando então, na minha ânsia em saciar esse profundo vazio social, deparei-me com a explicação da psicologia sobre a IDIOTIA! O indivíduo que sofre desse mal, tem suas funções e capacidades vitais diminuídas, num estado semelhante ao coma. Não me senti confortada! Mas explicou muita coisa!
(Alde Maller - 08/03/14)

sábado, 1 de março de 2014

"DÁ ATÉ VONTADE DE DIZER QUE TE AMO!"


Ele a olhava calado e essas foram as únicas palavras que saíram de sua metade pensante. Havia noites que ficava ensaiando como dizer a ela que não conseguia mais disfarçar o silêncio que se instaurara entre eles. Lembrava sempre das horas em que até as músicas tornavam-se diálogos. Se dissesse algo poderia quebrar aquele momento em que ela simplesmente pedia a sua companhia.
A chuva fina começava a cair e sem uma sequer menção de se levantar, ela encosta a cabeça no ombro dele e sorri um sorriso triste. Era isso que tinha imaginado dali em diante. Ficar assim, sem nada dizer, sem nada querer, apenas sorrir. 
Talvez essa necessidade de silenciar-se tenha nascido da falta de falar o que lhe ia ao coração, mas fazer conjecturas, tendo a lua por testemunha e à frente escuridão, não era muito sano. Ele encosta os lábios na testa fria e suspira baixinho para não cortar os pensamentos que brincavam à intensidade do vento. 
Era bom, de novo, estar ali! os cabelos longos novamente encostando em seus braços, as pernas roçando seus joelhos, aquele perfume, suave, doce, memorável. Ele sabia que ela iria em algum momento pedir. Ele estava ansioso pois já havia se recusado por algumas vezes a dar a ela aquilo que mais lhe causava temor. Chegou a conclusão que por mais esforço que fizesse não comandava mais seu coração. Ele a acompanhava em silêncio, assim como ela estava.
Então... ela pediu...
e ele, consentiu...
(Alde Maller)

E SE...


Gosto das coisas não ditas... 
fascina-me esse mistério de ter que descobrir o que eu ainda não disse. 
Não como em uma roleta, à espera do estampido.
a cada clic, um suspiro...
ou o quicar da bola no número escolhido
a cada pulo o entrelaçar dos dedos...
gosto da incerteza
mas ainda mais  da sutileza do talvez 
do fingimento de que não sabe o que nem eu também sei.
Faz parte do meu jogo, da minha arte!
Talvez eu diga... talvez não... 
Só não me apresse por favor... 
A minha resposta tem um tempo próprio,
só isso!
(Alde Maller)

E se eu disser(Ivan Junqueira)

E se eu disser que te amo - assim, de cara,
sem mais delonga ou tímidos rodeios,
sem nem saber se a confissão te enfara
ou te apraz o emprego de tais meios?

E se eu disser que sonho com teus seios, 
teu ventre, tuas coxas, tua clara
maneira de sorrir, os lábios cheios
da luz que escorre de uma estrela rara?

E se eu disser que à noite não consigo
sequer adormecer porque me agarro
à imagem que de ti em vão persigo?
Pois eis que o digo, amor. E logo esbarro
em tua ausência - essa lâmina exata
que me penetra e fere e sangra e mata.