sexta-feira, 17 de setembro de 2010

DES.ATINOS

Ontem ela dormiu com a sensação de mar agitado, as ondas quebrando, encobrindo, chorando... na verdade suplicavam. Ela não conseguia entender... elas iam e vinham o tempo todo... aliás há tempos o mar faz isso... sem querer conversar, apenas ir... e vir...
Na maresia, o gosto do sal confundia-se com o cheiro da boca, tão doce e conhecido. Ela vê que tudo não passa de abuso e se irrita: por que tentou se afastar? Que razões teria para deixar algo que faz um bem, que preenche as horas, que suaviza os momentos de penúria? Ela chega a sentir na pele as mordidas de leve, quase machucando, a barba por fazer e as palavras... Ah! as palavras ficam dançando na memória, no ouvido e provocam um sorriso triste tão facilmente...
Ela tenta ouvir a música que toca... mais uma daquelas que foram escolhidas... lembranças... doces, suaves... música e silêncio. Essa combinação era tão perfeita. Que saudades...ela sente sim!
Agarra, não deixa! - o vento parecia querer dizer. Como dizer não?! se achou tão bom!!! Ela ali, com uma imensa vontade de que ele a tome em algum momento. Nos mesmos instantes de doçura e delicadeza em que a tocava, toque agora novamente. Fique como outrora, brinca com ela, pede a sua boca, nem que seja em pensamentos. Ela saberá ouvi-lo, como era tão fácil fazer!
Tão sem destino...
(Alde)

2 comentários:

PRECIOSA disse...

Maravilha! Senti a brisa do mar....
Abraços carinhoso
Bom fim de semana...
Preciosa Maria

valterpoeta.com disse...

Esse texto remete e várias interpretações desde as mais românticas até as mais apimentadas. Como eu não quero e não serei indiscreto, me limito a dizer: bom fim de semana para você, bjs