terça-feira, 11 de junho de 2013

CONSENTIMENTO

"DÁ ATÉ VONTADE DE DIZER QUE TE AMO!"
Ele a olhava calado e essas foram as únicas palavras que saíram de sua metade pensante. Havia noites que ficava ensaiando como dizer a ela que não conseguia mais disfarçar o silêncio que se instaurara entre eles. Lembrava sempre das horas em que até as músicas tornavam-se diálogos. Se dissesse algo poderia quebrar aquele momento em que ela simplesmente pedia a sua companhia.
A chuva fina começava a cair e sem uma sequer menção de se levantar, ela encosta a cabeça no ombro dele e sorri um sorriso triste. Era isso que tinha imaginado dali em diante. Ficar assim, sem nada dizer, sem nada querer, apenas sorrir. 
Talvez essa necessidade de silenciar-se tenha nascido da falta de falar o que lhe ia ao coração, mas fazer conjecturas, tendo a lua por testemunha e à frente escuridão, não era muito sano. Ele encosta os lábios na testa fria e suspira baixinho para não cortar os pensamentos que brincavam à intensidade do vento. 
Era bom, de novo, estar ali! os cabelos longos novamente encostando em seus braços, as pernas roçando seus joelhos, aquele perfume, suave, doce, memorável. Ele sabia que ela iria em algum momento pedir. Ele estava ansioso pois já havia se recusado por algumas vezes a dar a ela aquilo que mais lhe causava temor. Chegou a conclusão que por mais esforço que fizesse não comandava mais seu coração. Ele a acompanhava em silêncio, assim como ela estava.
Então... ela pediu...
e ele, consentiu...
(Alde Maller - mar/2010)

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