sexta-feira, 14 de abril de 2017

EU TE AMO


Quando você virou a esquina e levou contigo meu sorriso, vi turvo, entre lágrimas teu olhar me pedindo que eu o acompanhasse. Confesso que meus pés não me obedeciam. Meu coração gritava, tal qual desesperado, enquanto você calmamente desaparecia da minha vista. Pensei ainda que você olharia para trás para certificar-se de que eu finalmente o deixara partir. Você olhou. Não sei dizer se pela última vez, não fiquei lá para ver. Alguém de alguma janela decerto, via-me caminhar de cabeça baixa, braços estendidos e ombros sacudidos pelo irrompante choro que me descontrolava agora. Eu mesma não me reconhecia. Grunhia. Era um lamento triste. Nenhuma música ao fundo. Tudo estava tão sombrio em contraste com o sol da tua praia. Na minha cidade chove constantemente. Fica acinzentado meu céu sulista e as nuvens não aliviam a atmosfera, que anda silenciosa e tão amena.
Onde colocar nossas conversas intermináveis, nossos gostos, nossos risos, nossos desejos, nossos beijos, nossos "meu e teu"...? Lembrei por um instante de nossos defeitos truncados e que quando expostos cabiam bem no meu esconderijo. 
Pura teimosia minha ao dizer derramando aquelas três palavras de encanto e fiquei esperando que você ouvindo-as também as dissesse para mim com todos os timbres do seu delicioso sotaque, repetindo, repetindo, repetindo. 
Não escutei... acabou...
Fiquei querendo que sempre fosse dia... 

(Alde Maller/2008)

Nenhum comentário: