Quando você virou a esquina e levou contigo meu sorriso, vi
turvo, entre lágrimas teu olhar me pedindo que eu o acompanhasse. Confesso que
meus pés não me obedeciam. Meu coração gritava, tal qual desesperado, enquanto
você calmamente desaparecia da minha vista. Pensei ainda que você olharia para
trás para certificar-se de que eu finalmente o deixara partir. Você olhou. Não
sei dizer se pela última vez, não fiquei lá para ver. Alguém de alguma janela
decerto, via-me caminhar de cabeça baixa, braços estendidos e ombros sacudidos
pelo irrompante choro que me descontrolava agora. Eu mesma não me reconhecia.
Grunhia. Era um lamento triste. Nenhuma música ao fundo. Tudo estava tão
sombrio em contraste com o sol da tua praia. Na minha cidade chove
constantemente. Fica acinzentado meu céu sulista e as nuvens não aliviam a
atmosfera, que anda silenciosa e tão amena.
Onde colocar nossas conversas intermináveis, nossos gostos,
nossos risos, nossos desejos, nossos beijos, nossos "meu e teu"...?
Lembrei por um instante de nossos defeitos truncados e que quando expostos
cabiam bem no meu esconderijo.
Pura teimosia minha ao dizer derramando aquelas três palavras de
encanto e fiquei esperando que você ouvindo-as também as dissesse para mim com
todos os timbres do seu delicioso sotaque, repetindo, repetindo,
repetindo.
Não escutei... acabou...
Fiquei querendo que sempre fosse dia...
(Alde Maller/2008)
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