KISS – O ÚLTIMO BEIJO
O primeiro
beijo a gente nunca esquece! Pode ser bonito, feio, demorado, rapidinho,
roubado, tímido, esperado, sonhado. Em geral, e depende do tempo em que isso
aconteceu, sorrimos do nosso comportamento nesse momento tão especial e
esperado.
O último
beijo não tem a mesma lembrança. Os principais jornais de todo o mundo
noticiaram um triste último beijo. Na madrugada de sábado, para muitos jovens
de Santa Maria-RS o beijo foi o último. Talvez alguns presentes ainda nem
tivessem a experiência do primeiro. Mas foi o último. Também difícil de esquecer!
Quantos
sonhos amontoados em um só lugar? Alguns na expectativa da conclusão da
faculdade. Outros comemorando a entrada nela. Alguns querendo diversão com
amigos, namorados, parentes. Outros acompanhar o trabalho de sua banda
favorita. Alguns comemorando aniversários. Outros apenas acharam algo
interessante para se fazer em um sábado à noite.
O ambiente
era de festa! Se você estivesse lá pensaria nas condições de segurança? Quando
somos impelidos a ir a uma festa, implicitamente sabemos que voltaremos! Muitos
sábados na boate Kiss, como em várias boates pelo país, deram certo. Ninguém
imaginaria que algo tão ruim pudesse acontecer. Talvez alguém tenha se desentendido
no interior da casa de shows, mas rapidamente conseguiu contornar a situação,
pois o mais importante era aproveitar o momento de diversão.
Mas uma
confusão não conseguiram contornar. Em alguns segundos apenas, a tragédia ganha
uma proporção inimaginável. Tumulto, gritos, correria, fumaça, escuridão. Cada
um tentando se salvar, procurando uma saída. Mas não havia saídas suficientes.
As saídas imaginadas acabaram sendo a última porta a cruzar. Aquilo não fazia
parte da festa!
Minutos tornaram-se
horas intermináveis. Aqueles que conseguiram sair do horror não acreditavam no
que estava acontecendo. Alguns voltavam para procurar seus parceiros que se
perderam na confusão. Ficaram lá! E não voltariam mais...
Uma grande
comoção! Os números de mortos foram aumentando. Os caminhões chegavam. E corpos
iam sendo amontoados para serem removidos daquele caos. Mas o caos se
estabelecia por toda a cidade. Parentes foram acordados na madrugada. Quando o
telefone toca de madrugada você já imagina algo ruim. E as notícias foram
chegando.
Apesar de tantos
esforços, muita coisa não foi suficiente. As picaretas para abrir as paredes
não foram suficientes. Os tubos de oxigênio e máscaras não foram suficientes.
Os leitos na cidade não foram suficientes. Os carros fúnebres disponíveis não
foram suficientes. As pás, que antes eram utilizadas para abrir os túmulos no
cemitério da cidade, não foram suficientes. Maquinários pesados foram solicitados
para atender a demanda. Nem os cemitérios foram suficientes. Quem procurou
coroas de flores para fazer a última homenagem, também não achou. Até as flores
foram insuficientes.
Este último
beijo ninguém quis. O último beijo agora é dado pela mãe, pai, namorados,
parentes e amigos que estavam do lado de fora. E isso é inesquecível!
(ALDENIR MALLER)
28/01/2013
Um comentário:
Adorei!!
- Deixe o tempo levar
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